domingo, 6 de março de 2011
Tecnologias e Ensino Presencial e a Distância
O livro Tecnologias e Ensino Presencial e a Distância de Vani Moreira Kenski é uma obra interessantíssima para quem está, de alguma forma, envolvido com a área de educação, principalmente professores, pois muitos profissionais ainda têm receio (medo) em utilizar “novas” tecnologias de informação e comunicação nas suas práticas pedagógicas. Mas Vani Kenski, com sua experiência e trabalhos de pesquisa, nos dá embasamento e nos mostra que o desafio de encontrar a melhor maneira para utilizarmos e explorarmos essas tecnologias pode até ser incessante, porém é gratificante. O fato de estarmos lidando com tecnologias cada vez mais sofisticadas, a todo instante, e muitas vezes por não nos darmos conta disso, mostra o quanto assimilamos inovações e não tememos as máquinas. O professor precisa ter consciência de sua ação profissional, que ele não será substituído pelas máquinas , ao contrário, elas ampliam o seu campo de atuação. Vani Kenski afirma que a maioria dos professores ainda não domina muito determinadas tecnologias, pois elas se alteram velozmente, e como sempre há o que aprender, isso causa insegurança. Entretanto, tenho que concordar com alguns teóricos quando os mesmos afirmam que ousar, aprender fazendo, aprender pelo erro, tentar até acertar também são funções de um professor. O professor precisa ter consciência da sua ação, pequenos desafios e vitórias cotidianas os habilitam a novos saltos.
E quanto ao ensino de qualidade? Estamos em um novo tempo, um tempo que exige uma nova maneira de pensar e fazer educação. Para Vani kenski não se trata, portanto de adaptar as formas tradicionais de ensino aos novos equipamentos e vice-versa. A opção e o uso da tecnologia digital, sobretudo das redes eletrônicas de comunicação e informação, mudam toda a dinâmica do processo. A sociedade da informação requer um novo estilo de pedagogia. O ponto fundamental, no entanto, é uma nova lógica de ensinar utilizando as redes e redefinindo o papel do professor. A nova lógica também traz o professor para o grupo dos aprendentes. O professor passa a encarar a si mesmo e a seus alunos como uma equipe de trabalho, com responsabilidades individuais e coletivas a cumprir. Onde o respeito mútuo e a colaboração orientam para a aprendizagem de novos comportamentos e atitudes, tanto do professor quanto dos alunos. A atuação de qualidade do professor brasileiro na sociedade da informação vai depender de toda uma reorganização estrutural do sistema educacional. A valorização profissional da carreira docente e a melhoria significativa da sua função também devem ser adaptadas às novas exigências sociais, assim como, a adoção de novos currículos para a flexibilização das estruturas de ensino e a interdisciplinaridade dos conteúdos. Ou seja, a nova lógica educacional que prevalece na sociedade requer novos pensamento, principalmente ligados à gestão e à política da educação para uma melhor qualidade de ensino para todos.
. Então como devemos ensinar e o que ainda temos que aprender? Ser professor significa ter poderes em relação ao conhecimento? Para Vani Kenski essas perguntas fazem parte do frenético momento de vida em que as possibilidades tecnológicas de comunicação e informação (TIC) nos fazem passar e que nos transformam permanentemente. Novas informações derrubam velhas certezas, transformam hábitos, alteram práticas, implodem teorias, reformulam leis, mudam as rotinas das pessoas. “Até algum tempo atrás havia espaços definidos para ensinar e aprender: escolas, bibliotecas,... Hoje é o saber que viaja e transforma completamente a idéia de classe e campus” Serres (1994). Ou seja, o movimento é acelerado, a atualização é permanente. O ciberespaço abre novas possibilidades e configurações para as pessoas aprenderem. Não há discriminação ou deslocamento físico, todos estão reunidos virtualmente em comunidades virtuais, o que inaugura uma nova era para a educação, para uma nova pedagogia, nova relação com o saber. Para Vani Kenski professores e alunos não são mais separados pelos limites do saber autenticado, mas sim unidos, por serem seres humanos com desejos comuns: de ir além da aprendizagem, de ir além da informação. Essas transformações na organização educacional e nas formas de como se ensina são urgentemente necessárias para que se possa acompanhar o ritmo em que a sociedade se encontra na atualidade. Mas cuidado, pois “não são as tecnologias que vão revolucionar o ensino, mas a maneira como essas tecnologias serão utilizadas para a mediação entre professores, alunos e a informação. Essas maneiras podem ser revolucionárias ou não.”
Enfim, este livro está dividido em nove capítulos e é um ótimo livro para quem está interessado em ler sobre as experiências que a autora traz para tentar ajudar a quem quiser aprender a ensinar nesses novos tempos e espaços.
Ana Paula Neves - Aluna do curso de Especialização em Tecnologias e Novas Educações pela UFBA.
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